Mar alto! ondas quebradas e vencidas Num soluçar aflito e murmurado… Voo de gaivotas, leve, imaculado, Como neves nos píncaros nascida...
Da minha Janela
Mar alto! ondas quebradas e vencidas
Num soluçar aflito e murmurado…
Voo de gaivotas, leve, imaculado,
Como neves nos píncaros nascidas!
Sol! Ave a tombar, asas já feridas,
Batendo ainda num arfar pausado…
Ó meu doce poente torturado
Rezo-te em mim, chorando, mãos erguidas!
Meu verso de Samain cheio de graça,
Inda não és clarão já és luar
Como branco lilás que se desfaça!
Amor! Teu coração trago-o no peito…
Pulsa dentro de mim como este mar
Num beijo eterno, assim, nunca desfeito!…
Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade
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Autora do blog: Smareis
"Tem gente que é só passar pela gente que a gente fica contente. Tem gente que sente o que a gente sente e passa isto docemente. Tem gente que vive como a gente vive, tem gente que fala e nos olha na face, tem gente que cala e nos faz olhar. Toda essa gente que convive com a gente, leva da gente o que a gente teme passa a ser gente dentro da gente. Um pedaço da gente em outro alguém."(Fernando Sabino)